quinta-feira, maio 25, 2006

Hoje não é seguramente o meu dia. Percebo perfeitamente, nem sempre o pode ser. Acordei tal como adormeci (se é que cheguei a adormecer...), profundamente triste.

A morte não é o melhor dos panos de fundo num cenário de amizade. Dir-se-á que é inevitável, diar-se-ão muitas outras coisas, mas nenhuma capaz de me apaziguar a alma. É um espírito triste que hoje aqui pontua.O espírito de alguém que leva a amizade a sério, junto ao coração. E é esse mesmo coração que vai regando e alimentando este meu enlace com os demais. Dou por mim a pensar como é estranho que na prática cultive o valor da amizade através de sinais aparentemente contraditórios , seja por via de um sentido de humor por vezes cáustico ou mesmo com amiúde recurso à ironia e ao sarcasmo.

Haverá um modus faciendi para a amizade? Um qualquer código rígido de conduta ou mesmo um laboratorial manual de instruções que deva ser escrupulosamente cumprido ? Não creio. A amizade não se rege por padrões como o do "homem médio, do bonus pater familiae ou através de um qualquer conceito cientificamente hermetizado. A amizade, a verdadeira amizade nasce da genuinidade, porque sem a última nunca a primeira pode ser verdadeira. E sem verdade, jamais existirá amizade.

Não tenho dúvidas da minha amizade pelo Jorge. Nunca tive. E hoje sofro por ele. Oxalá o meu sofrimento pudesse determinar , como que através de simples mas eficazes vasos comunicantes, o alívio da sua dor. Bem sei que infelizmente assim não é, mas é inevitável que assim goste de pensar. Tem um coração de ouro, até demais - diz por aqui quem o conhece - e eu corroboro. Não pode ser maior verdade.

Nunca lhe conheci o pai, nem isso importa, nem isso conta. O que realmente conta é que o pai do Jorge, esteja lá onde estiver, pode e deve estar tão orgulhoso do filho, tanto quanto o Jorge hoje sofre pela partida do pai. Assim, a faena da vida ganha todo o sentido. Missão cumprida.

"Que va por usted, campeón!"