quinta-feira, junho 08, 2006

Madrid me mata !

Muita água correu por baixo da ponte ao longo desta semana infernal. Sim, infernal não só pelo calor abrasador da lezíria, mas sobretudo porque um escroque e pulha resolveu sair da toca. E logo no dia do anti-Cristo ou coisa que o valha. Coincidência ou talvez não, a verdade é que já me deu dores de cabeças suficientes. E não fosse estar tudo a coberto do segredo de justiça, lá adiantaria umas verdades sobre esta inenarrável trama. Mas não perde pela demora. Lá diz o povo com a sua sábia razão "Que pela boca morre o peixe". E assim vai ser, o "feitiço virar-se-á rapidamente contra o feiticeiro". E o mais certo é ainda vir a arrepender-se.
Mas isso deixa de ser da minha conta. Aliás, eu já tenho contas que cheguem, curiosamente quase todas a zeros, as bancárias, claro.
Passado este capítulo do 666, cá me encontro no meio de uma verdadeira pucilga de processos para contestar, responder, alegar, etc. Voltei ao mesmo, à velha e boa tradição de nunca vislumbrar o tampo da minha secretária, o que até pode ser positivo, porque afinal sempre posso imaginar que se trata de uma elegante mesa de faia. Mas não é e tenho pena.
Entre este emaranhado processual de prazos em cascata, que decidiram findar todos por alturas deste final de semana, lá arranjei um tempinho (tem de ser) para organizar um ida a terra de nuestros hermanos. Há muito tempo que não vagueio por aquelas paragens e tenho saudades. Sei que são mútuas e muito quentes, não fossem estar por lá cerca de 35 graus de temperatura . Confesso que me agrada muito mais a cidade na época de Inverno, tem mais alma e os nativos, ao contrário do que acontece em tempos de maior calor, não se assustam com temperaturas a rondar os zero graus e invadem literalmente as calles com uma mistura intensa de perfumes e tagarelice, tão própria por aquelas paragens.
Com muito frio, é certo, mas ainda assim um frio saboroso e próprio de quem anda de vacaciones (ainda que de médico) entre as griffes da moda no elegante barrio de Salamanca, as tiendas trendy de Fuencarral, sempre mas sempre, sem esquecer uma passagem pelo tasco do Alberto, situado na calle Galileo, onde muito aturo os suspeitos do costume por causa do seu já famoso, entre as hostes tugas, licor de hierbas. Não fosse o Alberto português dos sete costados e já teria havido confusão a sério no boteco. Mas assim não sendo, tudo acaba em bem.
Deixando os vapores ébrios do transmontano Alberto, e num registo mais aprumado, é obrigatória uma visita ao José Luís, restaurante no final da calle Serrano ao desaguar à Castellana, e provar as suas bem preparadas tapas, que se querem maridadas com un tinto da Rioja ou Ribera del Duero, mas que também não desalentam quem opte por um mais mundano tinto de verano ou a habitual caña. Ainda que não aconselhe esta última hipótese, a menos que se seja apreciador da cerveja pouco gasosa, para não dizer inerte, que por ali habitualmente se serve.
Com o registo mais formal do José Luís pelas costas, merece menção a "Lateral" no bairro de Salamanca, não obstante não ser propriamente uma novidade, nunca deixou de ter os seus encantos. E as casas cheias com que que os seus donos são presenteados nos finais de semana dão boa nota de um serviço agradável a que, aliado a uma frequência bem simpática, não desmerece uma visita. Mas que não se quer demasiado tardia porque não aceitam reservas.

A continuar...