Um sorriso por mil palavras
Hoje tinha muito sobre o qual escrever, mas não o vou fazer. A perda voltou a marcar o hemisfério familiar no dia mundial da criança. Não deixa de ser irónico que no dia em que se festeja a vida, a esperança nas gerações que agora dispontam, se encerre esse mesmo ciclo de alguém que muito tinha ainda para dar à vida de todos nós. Não é um lugar comum, é mesmo assim.
O meu Tio Domingos era efectivamente a jóia em pessoa, sempre bem disposto, sempre disponível. Com um sentido de humor apurado e refinado pela tarimba da vida, este é concerteza o tio a quem devo hoje um aproximado sentido de humor e de capacidade de jogar com as palavras. Ninguém é perfeito, era um ardente benfiquista. Aliás, foi sobre essa problemática (sim, porque o Benfica é mesmo um problema) que me despedi da última vez que o vi em vida. E foi com o seu habitual sorriso que me viu deixar o quarto em que acabou por passar o seu purgatório terreno. E é isso que eu retenho: o seu omnipresente sorriso. Não merecia sofrer tanto, niguém merece, na verdade.
Ainda assim, sempre acreditou que não se livravam dele assim, levado por uma doença silenciosamente assassina, como acabou por ser, infelizmente, o caso.
Foi um autêntico lutador, contra a razão dos factos, contra a ciência e outras tantas vezes contra o desânimo e tristeza da família e amigos que sempre o acompanharam no silêncio do destino deste tortuoso caminho por ele percorrido.
Um autêntico toiro bravo, tal a garra e bravura demonstrada nos tempos de peleia. E peleias não lhe faltaram nos últimos tempos. Não venceu, niguém vence. Mas caíu de pé, por amor à vida e a todos nós. Não o esquecerei, muito menos o seu SORRISO.
"O destino conduz o que consente e arrasta o que resiste"