quarta-feira, junho 14, 2006

Notas de Madrid - Parte II

Espanha está mesmo aqui ao lado e ainda assim consegue ser tão diferente (para melhor) da nossa Lusitânia. Não quero com isto dizer que seja tudo bom, porque não o é. A diferença é que no fundamental Espanha progrediu e muito, ao invés dos bacocos complexos que reinam teimosamente pela nossa república desde (pelo menos) 1974. Era suposto a democracia trazer progresso e trouxe-o, efectivamente, mas um progresso muito aquém do que alguém nascido depois de tal data poderia esperar.
Mirrados pela geografia periférica que nos coube em sorte, Portugal teima em ser um País que não se quer recentrar face aos seus interesses e necessidades. Não se negue que a localização periférica portuguesa pode ser um verdadeiro fardo de que importaria livrarmo-nos rapidamente. Não podendo nós (graças a Deus) pegar na "carroça" e montar acampamento noutras paragens, cabia aos portugueses a arte e o engenho de fazer de Portugal um rectângulo minimamente central. Afinal a periferia apenas depende da perspectiva. E o mundo não se esgota na União Europeia.
Portugal tem toda uma história e um passado que lhe permitia e permite ser um interlocutor e parceiro por excelência em países de um potencial económico incomensuravelmente superior ao do nosso próprio País, como seja o Brasil, Angola, Moçambique, etc. Mas não, prefere e faz questão de permanecer fechado e preso aos velhos e ridículos dogmas da colonização, que à falta de justificação melhor, demonstra que afinal os velhos do Restelo permanecem tão presentes quanto as personagens históricas evocadas e perpetuadas no Padrão dos Descobrimentos foram desacreditadas nos seus objectivos por essa mesma consciência masoquista e complexada.
Sejamos claros, a colonização mal ou bem, está feita e encerrada. Não vejo nos congéneres países colonizadores qualquer complexo de culpa e arrependimento permanente que faça da sua política externa para com as ex-colónias um exercício de tão miserável submissão como o levado à prática pelos sucessivos governos portugueses.
E aqui volta a entrar Espanha, que indiferente à dominante paralesia cerebral e de (in)consciência lusa, fez das suas ex-colónias terreno fértil e privilegiado rumo à expansão económica do País. Aproveitando e muito bem, para extender a sua influência às ex-colónias portuguesas. Enquanto isto, Portugal, qual ébrio ressacado, persiste em inalar os vapores da descolonização, ignorando as oportunidades do presente e hipotecando seriamente o futuro.
Portugal nunca se deu ao respeito das ex-colónias e prefere sistematicamente o caminho da capitulação. Em suma, quem não se dá ao respeito não pode querer ser respeitado. E assim não há orgulho que resista.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá! Estou surpreendido, levas jeito para a coisa.

abraço

AS

12:02 da manhã  

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