domingo, junho 18, 2006

A falta que África faz...


É verdade, não podia deixar de fazer menção ao Mundial 2006. Não tanto para falar de tácticas ou de qualquer outra ocorrência relativa ao que se passa dentro das quatro linhas, mas antes para dar nota do que se passa fora das mesmas.

É impressionante a força mediática deste mundial da Alemanha 2006 e a enorme convivência inter-cultural que ele permite. Futebolite aguda ou cobertura proporcionada à escala do interesse global que o evento gera, a verdade é que os mundiais adquirem um gosto muito especial, exactamente por ser mais ou menos representativo das nações dos cinco continentes deste nosso mundo. E assim, todos aqueles se deslocam à Alemanha, tomam inevitavelmente parte num caldo cultural que qualquer europeu da modalidade está longe de conseguir alcançar, por razões óbvias.

Olhando o aspecto das bancadas do República Checa Vs. Ghana, dei por mim a pensar que devia estar perante o jogo de bancada mais encantador deste mundial. Por um lado, as já bem conhecidas e reputadas adeptas checas e por outro, a massa incrivelmente entusiástica africana, no caso, os ganeses.
E são estes últimos que merecem uma atenção especial hoje, não fosse emprestarem um jeito tão tipicamente africano e festivo a cada jogo da sua selecção, não me fazendo por um minuto sequer duvidar que efectivamente África tem de ter uma espécie de encantamento, aliás, já por demais relatado por muitos dos quantos já por esse continente estiveram, ainda que a razão ou fundamento do mesmo nem sempre consiga passar nessa mesma mensagem. Acredito que é caso para dizer: ver para crer ou melhor, ir para sentir.
E apaixonados se apresentam os africanos no velho continente futebolístico, dispostos a demonstrar o seu modo de estar na vida, completamente alheados dos canônes do chamado mundo desenvolvido, emprestando uma cor e uma alegria tão genuína que não podia deixar de ser aqui por mim enaltecida.

Lamentar apenas que hoje África continue a ser ainda (em maior parte dos casos) sinónimo de fome, miséria, corrupção e sobretudo de guerra.
Faz falta ao nosso planeta azul (eu digo que é verde) um continente africano tão coloridamente pintado, quanto os adeptos (alheios aos resultados) vão fazendo a festa neste mudial, por forma a varrer de uma vez por todas com os tons teimosamente sombrios que persistem em marcar o presente de um continente tão rico de passado, mas acima de tudo tão cheio de futuro.