quinta-feira, junho 22, 2006

Fechado. Dirija-se à Assembleia da República mais próxima, s.f.f.

21 de Junho de 2006, 20:03 h - noticiário televisivo
Na ressaca da vitória lusa contra os do "chili" e não contra os chilenos, lá vai (durante o jogo-já somos 3, eu, a repórter e o presidente Cavaco...que não vimos o jogo) uma inefável repórter de rua à descoberta de "uma agulha num palheiro", que é como quem diz, à procura de uma Lisboa deserta. Contra-senso e paradoxo à parte, esta afã iniciativa deu de caras com uma figura pública ou pseudo-pública - Maria do Céu Guerra. Grita a repórter para os seus botões: Que furo jornalístico!!! Não me escapas!!! Emoções e ambições pessoais à parte, lá desbobina a senhora aquele arrazoado de perguntas típicas: não está a ver Portugal jogar? Mas não gosta de ver Portugal? e por aí fora...
A páginas tantas, tendo Maria do Céu Guerra respondido (visivelmente agastada, para ser simpático) que tinha estado nas Finanças a tratar de uma data de problemas e papeladas d´A Barraca, eis quando a ingénua e porventura estagiária repórter aproveita a dica para perguntar se os respectivos funcionários estavam a trabalhar. A "nossa" Maria do Céu Guerra, entre o mordaz e o sarcástico viperino respondeu qualquer coisa deste género (que espero ser o mais fiel possível aos factos) : "Bem... sim... estão lá todos sentados às secretárias a olhar para um computador... aquilo a que "eles" chamam trabalhar". Fico mais descansado, graças a Deus que foi às Finanças e não à Assembleia da República, senão é que ia ver o quer era trabalhar...para as audiências televisivas. (mas até pode ter razão, é que o desígnio nacional não passa infelizmente por S. Bento)
Mas nas Finanças, não. Nas Finanças não trabalham, sentam-se à secretária, apruma-se o monitor e aqui vai disto até à reforma (que se quer temprana). Foi uma grande cobardia o que disse e como o disse, uma pessoa profissionalmente respeitável, mas ainda assim, pura cobardia.
Antes era porque se agarravam aos papéis, uma burocracia infindável, etc, etc. Agora é porque se agarram aos computadores... Não há, de facto, quem nos possa entender. Nem o choque tecnológico nos salva, está visto e posto.
Para não me alongar em demasia (nem sequer devia ter começado), recordar apenas a esta prestigiada artista que aquilo a que "eles" chamam trabalhar, é nem mais nem menos, contribuir
para a percepção da receita fiscal que tanta falta faz (sobretudo nos dias de hoje) a este cantinho da lusofonia tão cheio de chico espertice e economia paralela. Receita essa que ainda há-de ir (mais do que provavelmente) em parte parar às mãos d´A Barraca, para que possa dar execução aos seus projectos artísticos.
Mas a cidadania em Portugal resume-se a isto: direitos aos cidadãos e deveres aos Estado; responsabilidades e culpas no cartório, aí benvindos a terra de ninguém. Preferindo-se sempre atacar pelas costas através de uma demagogia fácil sempre à mão, quem felizmente (porque foi um sofrimento) nem o jogo espreitou, porque afinal o computador não deixou. É pena e triste, sobretudo vindo de quem vem.
Compreendo agora, ouvida esta "farpa" caluniosa, que muito ignorante vá ao teatro, olhe para aquele espectáculo e exclame: Mas a isto é que "eles" chamam trabalhar !?!?!?!?
Não se preocupem, "alguém" há-de pagar !